ANTONIO FARIAS

Renato Augusto Pontes Cunha*

Agora em abril, serão 20 (vinte) anos do precoce falecimento, por infarto fulminante do Senador Antonio Farias, então com 56 anos. Foi um exemplo de homem público ético e empresário escrupuloso. Tive o magnífico privilégio de aprender com ele muitos ensinamentos de vida. Era um grande pernambucano, tendo nascido em Surubim no ano de 1932. Destacou-se nos campos público e privado. Faleceu em 1988, no exercício de mandato de Senador “constituinte” por Pernambuco. Integrava à época, a comissão de sistematização da Assembléia Nacional Constituinte. Em que pese empresário do agronegócio, detentor de terras, honrou, na constituição de 1988, com todos os compromissos que assumiu em campanha, junto com o Governador Arraes. O ex-Prefeito do Recife, ex-Deputado Federal e ex-Deputado Estadual, por duas vezes, “Antonio Farias” dignificou e honrou a vida pública de Pernambuco e do País. Era um homem sério, introspectivo, ético nas dimensões pública e privada. Sabia como ninguém honrar a palavra empenhada e era dotado de incomum senso de justiça. Tinha espírito público diferenciado e era um administrador diligente, competente e com antevisão dos fatos. Enxergava os cenários econômicos com singular lucidez, sendo extremamente arrojado no cumprimento de metas. Era economista por formação e um exímio negociador, principalmente nos bastidores, tanto nos acordos e coalizões políticos como ao imaginar, traçar, executar e gerir empreendimentos privados. Seu raciocínio era rápido e cartesiano. Ouvia muito e falava apenas o necessário. Na vida privada, deve ter aprendido muito na juventude, gerindo a Usina de beneficiamento de algodão, pertencente a seu pai; Sr. Severino Farias, em Surubim-PE. Nos anos 60 (sessenta) adquiriu, com outros sócios, a Usina Pedroza em Cortês, mata sul de Pernambuco. Depois tornou-se majoritário na Empresa e nos anos setenta, iniciou o projeto de implantação da Destilaria Baia Formosa nos tabuleiros de Canguaretama/RN. A decisão de empreender no Rio Grande do Norte, veio da necessidade de contar com um empreendimento em áreas planas, com conseqüentes reduções de custos de produção de canas e maior aumento de escala na produção final. Foi um dos pioneiros nessa estratégia empresarial de crescer em novas unidades agroindustriais em terras mecanizáveis.

Antonio Farias administrava com números atualizados e dava extrema importância à contabilidade de custos. Considerava relevante aferir custo x beneficio no dia-a-dia da empresa e não se portava como “o dono”, mas sim; como o acionista ou “principal acionista” e Presidente da organização. Sabia cobrar, dava valor a auditorias internas e era econômico em gastos supérfluos. Não gostava de respostas evasivas nem complicadas. Sabia planejar os passos de crescimento das empresas.  Arriscava e apostava nos crescimentos de mercados, porém, municiado de dados históricos que anotava e permitiam prognósticos de projeção futuros. Vale comentar que ao ser candidato ao Senado, no Município de Cortês, onde se localiza a Usina Pedroza, obteve mais votos do que todos os outros candidatos ao senado, e inclusive, também com relação aos pleiteantes ao Governo. Na Mata Sul de Pernambuco, região politizada, Farias que era proprietário de uma Usina, portanto “patrão”, teve na sua região a liderança em votos, na histórica campanha de 1986. Antes, nas campanhas para Deputado, Dr. Antonio Farias havia sido segundo e primeiro mais votado, nas duas vezes para Estadual e o terceiro colocado para Deputado Federal, quando teve menos votos, apenas com relação a Arraes e Jarbas.

Posso afirmar com convicção que continuam existindo, inúmeros seguidores do modo de ser de Antonio farias. Estarei sempre, inserido, com muita honra, nessa grande legião de admiradores.    

Renato Augusto Pontes Cunha

* Presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco - SINDAÇÚCAR
(rcunha@sindacucar.com.br)