PERSPECTIVAS PARA O SETOR SUCROENERGÉTICO EM PERNAMBUCO E BRASIL NA SAFRA 2009/2010

Renato Augusto Pontes Cunha*

O setor sucroenergético nacional cresce, carecendo de um plano de vôo melhor elaborado em sua atual fase de auto-gestão.

O Fórum Nacional Sucroenergético, do qual fazemos parte, conjuntamente com outras associações, vem fazendo seu papel, principalmente no que tange à uniformização, guardadas as peculiaridades regionais, notadamente quanto às matérias relacionadas à meio-ambiente e relações do trabalho. O Fórum conquistou espaço junto ao Governo Federal, tendo desempenhado uma construtiva gestão na confecção do Compromisso Nacional para Aperfeiçoamento das Condições de Trabalho na agricultura da cana.

Assim, os avanços de imagem do segmento não são utopia, e, o etanol verde-amarelo, cada vez mais pode se firmar em exigências de sustentabilidade internacional. O agronegócio da cana se reposicionou e já pode ser mostrado ao mundo com qualidades de emprego agrícola que nada devem aos bons empregos urbanos da construção civil ou da indústria.

No entanto, o segmento precisa amadurecer quanto a sua auto-rentabilidade.

No nordeste e no Brasil, teremos na safra 2009/2010, provavelmente preços de açúcar, em média nos 16 cents, face ao fenômeno Índia, onde cerca de 100 mil hectares não foram mais plantados com cana-de-açúcar. A Índia deve importar açúcar.

Não deveremos deixar de ter uma queda de até 10% nas canas totais a serem esmagadas no norte-nordeste, pois, a adubação foi incompleta, principalmente fruto das dificuldades de liquidez que abraçaram os financiamentos de comércio exterior de nosso setor.

Por outro prisma, os preços deverão ser mais estáveis, mas e os custos? O que temos feito para reduzir custos? E os estudos de comportamento das demandas do setor, pelo menos até 2020, ano da Diretiva Européia, ou 2022 quando os Estados Unidos estarão mais firmes no seu consumo interno com estimativas de consumo da ordem de 36 bilhões de galões?

A direção que o nosso segmento caminha até 2020, por exemplo, precisa ser melhor verificada. Na safra 2018/2019 no nosso País, atingiremos a produções de 47,3 milhões de toneladas métricas de açúcar e 59 bilhões de litros de etanol. Haverá mercado? A demanda por nossos produtos, como será seu comportamento? Quando devemos chegar a 13 milhões de hectares? É essa a área onde haverá o ponto de maturidade das curvas de oferta e demanda? São perguntas que devem nortear nossos passos em nossos órgãos de classe, objetivando-se um crescimento menos desequilibrado e com vistas a níveis de rentabilidade que permitam a continuidade do setor, em um ambiente de crescimento com rentabilidade.       

Renato Augusto Pontes Cunha
Presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco

 

* Presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco - SINDAÇÚCAR
(rcunha@sindacucar.com.br)