Uma Proposta Profissional para a Equalização Canavieira |
Renato
Augusto Pontes Cunha |
O SINDAÇÚCAR, pelo arrojo de seus diretores e associados vem tentando se destacar por uma gestão profissional que reflete a modernização do setor sucroalcooleiro. O modelo é irreversível e, dentro em breve, poderá ser adotado por outros segmentos de nossa cadeia produtiva que já recorrem a profissionais em assessorias externas. O modelo profissional tende a revestir-se de maior isenção, por ser desempenhado por especialistas em gestão, preocupados também com resultados. A via adotada pelo SINDAÇÚCAR é a mesma seguida pela ALCO, pelo Sindicato das Usinas de Alagoas e de Goiás, pela ÚNICA, em São Paulo e pelos trabalhadores do Sindicato da Indústria do Açúcar em Pernambuco. Nesse contexto, a equalização canavieira é observada como uma taxa de apoio agrícola ao Nordeste, dentro dos limites máximos da cláusula de minimis da OMC (Organização Mundial de Comércio), o que não configura “subsídio”. A taxa de equalização é indutora do crescimento sustentado, redutora e uniformizadora de custos no âmbito de seu cluster, mas é também elemento mitigador da pobreza, via inclusão social pela criação de empregos. Não pode mais ser concebida como aporte a fundo perdido, sem avaliação de resultados ou mensuração de suas repercussões sociais, como defendem os apologistas dos antigos modelos. Explicar a equalização como antídoto para a indústria da crise é situar-se numa perspectiva ultrapassada, que não se coaduna mais com o esforço de modernização e de eficiência perseguido pelo setor. Esse esforço teve no modelo Prorenor, tão bem capitaneado por Dr. Gregório Maranhão, um marco de sustentabilidade, ao fomentar os kits produtivos (desembolsos atrelados à remuneração de mão-de-obra, fertilizantes, defensivos agrícolas, etc.), contrapondo-se à liberdade integral de destinações específicas até então utilizada nos modelos anteriores. Com melhores critérios, há resposta mais satisfatória quando se abandona a perspectiva episódica em prol de uma modelagem mais estruturadora. O Nordeste é competitivo e viável em matéria de cana-de-açúcar (2º menor custo do mundo, atrás apenas do Centro-Sul do Brasil), quer no seu litoral, quer com a irrigação do Oeste a ser implementada e mais difundida futuramente no São Francisco, quando ocorrer a consolidação do modelo de interiorização do país, via modais de infra-estrutura. Defendemos, obstinadamente, a taxa para o Nordeste com um choque estrutural. Os recursos irão advir da Cide dos Combustíveis, Art. 177 da nossa Constituição e estaremos prontos a competir de igual para igual com o Centro-Sul, uniformizando o custo Brasil. Os segmentos que tendem a frear essa modernização iminente não terão mais escolha, pois a nova equalização, orçamentária e transparente, estará atrelada ao nível de emprego em associação com o aumento de produtividade e ao adequado trato do meio ambiente, perderá seu caráter assistencialista que tanto dano tem causado à nossa região e, em vez de alimentar gastos desordenados e mal planejados, poderá alavancar investimentos susceptíveis de produzir consistentes retornos. O Ministério da Agricultura (MAPA) vem incentivando acertadamente a tese da aglutinação de cultivadores de canas em cooperativas de produção, como está ocorrendo, por exemplo, no Estado do Rio de Janeiro. O modelo trouxe possibilidades de dinamizar pequenos produtores isolados e tem sido responsável por ganhos efetivos de escala no setor de grãos. Os grandes produtores poderiam se misturar com os menores com vistas à melhoria de produtividade, estabelecendo ainda pools, profissionais, de vendas de produtos finais e de compras de insumos, mesmo em regiões acidentadas e diversificadas como a nossa. Iniciar-se-ia, assim, definitivamente, o esfacelamento da nefasta “indústria da crise”. Para tanto, é preciso abandonar o parasitismo de algumas velhas lideranças, adotando-se comportamento empreendedor. É chegado o tempo de fazer crescer a produção com sustentação, adotando-se modelos de produção que articulem sinergias entre mão-de-obra, fertilizantes, defensivos e sementes (bioenergias e desenvolvimento genético). Tempo de efeitos multiplicadores na economia que visem, além do lucro, retorno ambiental e sócio-econômico. É o que se chama responsabilidade social corporativa e induz o dinamismo que vem diferenciando o agronegócio nacional responsável por cerca de 30% dos empregos do país. É nossa firme intenção participar do atual círculo virtuoso da agricultura do Brasil. |
* Presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco - SINDAÇÚCAR |