Pernambuco reconfigurado para o 3° Milênio

Renato Augusto Pontes Cunha

No início do atual mês, ocorreu, no Palácio do Governo, a apresentação do Projeto intitulado; “Economia de Pernambuco: uma contribuição para o futuro”, sob a coordenação da Secretaria de Planejamento do Estado.

O encontro, conduzido, democraticamente, pelo Secretário Raul Henry, evidenciou, o quanto o Governo vem potencializando nossas vocações de negócios, criando condições que consolidam a infra-estrutura necessária aos investimentos que elevarão, cada vez mais, de forma efetiva, o patamar de nossa economia num horizonte de, no mínimo, 15 (quinze) anos. Contudo, os efeitos dessa política certamente se farão sentir, pelo menos durante a primeira metade do século atual.

Além disso, a estabilidade administrativa dos últimos anos incorporou-se como um valor diferencial para os investimentos no Estado, contribuindo para fornecer ao contexto sócio-econômico estadual uma dimensão de destaque no Nordeste. São os resultados dessa política que influenciaram Pernambuco a se consolidar como a 8ª (oitava) economia do País e a 2ª (segunda) do Nordeste (IBGE-2002), sobrepujada apenas pela Bahia, naturalmente rica em recursos naturais e localizada em área de transição geográfica entre o sudeste e o nordeste.

No que se refere ao segmento sucroalcooleiro, por exemplo, os impactos dessas reestruturações são evidentes. Ocorreram 3 (três) eventos decisivos para a retomada dos potenciais de safras, o que proporcionou o soerguimento a partir da safra 99/2000, cuja produção total de cana-de-açúcar foi de apenas 13,2 milhões de toneladas para cerca de 18,5 milhões (+42%) estimadas para a safra 2004/2005, em curso. Assim , houve recuperação real de mais de 20.000 hectares de lavouras de canas, com a agregação de cerca de 16.000 empregos diretos (50.000 entre diretos e indiretos), através dos programas PRÓRENOR e PRÓRESUL. Esses programas estaduais estabeleceram, que os insumos agrícolas deveriam ser adquiridos, prioritariamente, em Pernambuco e que a produção de canas a ser financiada deveria ser oriunda de fundos agrícolas que gerassem emprego no nosso Estado, fortalecendo assim o agricluster. Ocorreu então, o estabelecimento de parceria público-privada envolvendo Governo do Estado, Usinas/Destilarias (adquirentes das matérias-primas), fornecedores de canas e mão-de-obra, formal, pernambucana.

No aspecto tecnológico, outro grande marco, diz respeito aos investimentos do PRÓMATA, sobretudo, em pesquisas de cana-de-açúcar, através de gestões compartilhadas entre Universidade Federal Rural de Pernambuco, usinas associadas ao SINDAÇÚCAR e estação de Biotecnologia agrícola do Carpina, com vistas ao desenvolvimento de pesquisas e composição híbrida em cultivares de canas selecionados e adequados aos manejos de solos e às condições fitossanitárias e entomológicas locais, no intuito do incremento das produtividades agrícolas.

O fato é que, como afirmam os mais experientes, Pernambuco tem tradição de Governos Estaduais que melhoraram a infra-estrutura do Estado, mesmo com as limitações dos Estados brasileiros. Assim, incrementos estão sendo ampliados, inclusive também via parcerias entre Governos Estadual e Federal. Por isso, passamos a apresentar diferenciais favoráveis em quesitos como rodovias, portos e aeroportos, gestão de águas, insumos energéticos (inclusive Biomassa) e metal-mecânica. Todos esses pilares de nossa infra-estrutura estão carreando novos investimentos privados, tais como: indústria naval, térmicas de energia, novas indústrias em SUAPE e em outras regiões, além de terminais de combustíveis, de commodities e de containeres, para o comércio internacional e de cabotagem, em áreas primárias dos portos.

Estes são apenas alguns exemplos de empreendimentos que poderão minimizar o cenário de “apagão” logístico que o Brasil poderá sofrer em 2005, caso o Governo Federal não consiga estabelecer o equilíbrio entre infra-estrutura logística e o crescimento econômico. O que buscamos é continuar empreendendo, colaborando com a auto-estima como fator determinante para o alcance da inclusão sócio-econômica, redutora de disparidades inter-regionais.

* Presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco - SINDAÇÚCAR
(rcunha@sindacucar.com.br)