O Mundo vem se deparando com fortes desequilíbrios nas cadeias produtoras de alimentos, notadamente em função de históricos desencontros vivenciados pelas Agriculturas, em muito, fruto de planejamentos superficiais, quanto ao quesito segurança alimentar, tema que vem ganhando importância estratégica, praticamente, apenas, nos últimos trinta anos. É Verdade que todo o planeta ainda precisa melhor compatibilizar crescimento de demanda Agrícola com infra-estrutura de escoamento de produção, consolidação e avanços tecnológicos em produtividade; caso dos transgênicos, bem como estabelecimentos de mecanismos de controle e aferição dos volumes permitidos de subsídios, versus custo x benefício de produções no cenário da competitividade Global.
Recentemente, o tema da crise mundial de alimentos tem despertado afirmações e ataques ás agroenergias de países produtores como Brasil e Estados Unidos, sem a clara separação de um entendimento que precisa ser interpretado, avaliando-se as naturezas das matérias-primas dos biocombustíveis. É o caso do milho Norte-Americano, integrante de cadeias de alimentos e rações, que se torna energia (combustíveis) impingindo assim, quebra de seu fluxo original em favor dos combustíveis limpos e em detrimento da segurança alimentar, fenômeno ausente na produção do etanol brasileiro, proveniente da cana-de-açúcar, uma gramínea produtora de açúcar e etanol, além de bioeletricidade, a chamada co-geração da fibra da cana. Portanto, atribuir-se ao etanol de cana o papel que desempenha aquele, oriundo do milho como matéria-prima, é, uma confusão injustificável, similar á assertiva que diz ser a capital do Brasil; a cidade Argentina de Buenos Aires.
Somos assim forçados a desconfiar, que a confusão pode ser proposital, constituindo-se em tática artificial, a serviço de discurso manipulado por aqueles impotentes de competir com a atual performance do agronegócio nacional, detentor de liderança em carnes bovinas, café, cítricos (laranja), mamão, feijão, mandioca, cana-de-açúcar, além de segundo lugar em soja, farinhas e massas alimentícias.
Outro fator que corrobora com essas infundadas acusações, reside na omissão que os países do suposto primeiro mundo, praticam quanto ao desmatamento do planeta. Com que autoridade falam em sustentabilidade ambiental, quando são os campeões em desmatamento, conforme dados da Revista Agrícola de nosso Ministério da Agricultura (ANO Quinze- NÚMERO 3 ), que desde 2006, concluiu, com base em estudos da Embrapa Monitoramento por Satélite acerca de florestas, que nosso país há 8 mil anos possuía 9.8% das florestas mundiais, e, hoje estes números mostram expressivos 28.3%. Por outro lado, a Europa, exclusive a Rússia, detinha 7% das coberturas florestais e atualmente essa posição é de apenas 0.1%. A África que era detentora de cerca de 11% e agora só detém 3,4%. A Ásia que já deteve 23.6% caiu para 5.5%. No Entanto, a América do sul saltou de 18.2% para 41.4%, com o Brasil liderando, embora sem o reconhecimento internacional, e, sem recebermos pagamentos pelos benefícios ambientais proporcionados pelos nossos vastos e riquíssimos Biomas. Ainda, estudos da Embrapa atestam que apesar da existência de desmatamento nos últimos trinta anos, o Brasil é um dos países que mais mantém florestas. O continente que mais preservou suas florestas originais é a América do Sul com 54.8%. Dos 100% de suas matas originais, a África manteve 7.8%, a Ásia 5.6%, a América Central 9.7% e a Europa, vergonhosamente pífios 0.3%.
Por essas razões, entendemos que o Brasil poderá, nesses próximos vinte anos, crescer sua produção de grãos para mais de 300 milhões de tons vis-à-vis o expressivo volume atual de 140 milhões de tons, sem prejuízo de devastações desordenadas, obedecendo-se aos zoneamentos requeridos pelos Ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente, notadamente em áreas disponíveis e naquelas subutilizadas com pastagens.
Renato Augusto Pontes Cunha