Inúmeras
são as análises, inclusive de acreditados meios científicos,
que consideram a água como o mais importante insumo do atual século.
Através delas, observa-se que, na atualidade, a água tem
seu conceito atrelado à disponibilidade finita. Não é
mais considerada um insumo infinito, como ocorria até bem pouco
tempo.
No nosso País, em que pesem nossas extensas bacias hidrográficas,
além do fato de possuirmos cerca de 12% da água potável
do mundo, assistimos ao despertar da consciência sobre o risco de
escassez dos recursos hídricos, notadamente face ao desequilíbrio
na relação oferta x demanda em locais onde a oferta está
concentrada longe dos centros de consumo.
O setor sucroalcooleiro já desenvolveu a cultura da economia da
água. Desde os anos 80 vem utilizando em seu processo industrial
sistemas de reúso de água, normalmente via circuitos fechados
de “sprays” e torres de resfriamento.
O desperdício, no entanto, deve ser combatido co afinco. O futuro
precisa ser trabalhado no contexto de melhores perspectivas quanto à
qualidade de vida e, nesse particular, o zelo pela armazenagem de água
é imperioso.
A água é vital para a produção dos nossos
alimentos; a água potável é imprescindível
para a vida humana. Se as fontes são escassas ou distantes, nada
mais racional do que o uso inteligente, por exemplo, via reúso.
Inquestionável é que as populações crescem
e os mananciais de água vêm sendo poluídos ou destruídos.
Portanto, a gestão da oferta desse insumo deve envolver reúso
potável, reúso não potável, reúso destinado
à manutenção de vazão de cursos de água,
reúso para recarga dos aqüíferos subterrâneos,
etc. A tendência do reúso é realidade fática:
tem por objetivo um novo comportamento humano, fruto de adoção
da consciência de que a água é um insumo valioso.
No Nordeste é comum à existência de sanitários
coletivos em bairros de periferia para mais de 30 famílias, com
péssimas condições de uso. O que priorizar? O saneamento
ambiental é vital para a vida e a filosofia da economia por reúso
visa a otimização de uns parcos recursos que são
vitais para o ser humano.
Precisamos de disciplinamento legal para o reúso e promovê-lo
de forma planejada é o foco que se deve perseguir.
As tecnologias estão se proliferando, via tratamentos de efluentes,
educação ambiental, lagoas de maturação, filtros
biológicos de concreto, ozonização, tratamento de
esgotos, etc. Estes são exemplos práticos das tecnologias
do reúso.
O fato é que a água não é recurso inesgotável
e, por isso, é necessário planejar o futuro, tratando do
presente, encarando o reúso não mais como um processo exótico,
mas como prática cotidiana e necessária.
Na Europa, existe inclusive projeto de remoção de produtos
farmacêuticos e de higiene pessoal nos esgotos e instalações
de tratamento de água. É o projeto Poseidon, cujo objetivo
maior é fazer crescer o reúso indireto de água potável
e de higiene pessoal.
A criatividade humana está em franca evolução, sobretudo
nas pesquisas que se referem ao reaproveitamento racional da água.
No nosso Nordeste há localidades onde o índice para a vida
em comunidade é inferior a 2.500 metros cúbicos de água
por habitante/ano (abaixo de 1.500 metros cúbicos a situação
é considerada crítica, por tratar-se de nível mínimo
vital).
Assim, está mais do que na hora de perseguirmos com determinação
o reúso da água.
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