No
terceiro milênio, as biocommodities, ou mercadorias de origem vegetal,
distinguir-se-ão na competitividade dos mercados internacionais
de alimentos e de energia. A agricultura, já está dividida
em agricultura energética e agricultura alimentar. No caso do segmento
sucroalcooleiro, estamos inseridos na agricultura alimentar com o açúcar
(carboidratos) e também na agricultura energética com o
álcool. O álcool é responsável por considerável
melhoria ambiental - assim como também o bagaço da cana
- que é fonte extremamente nobre para energia elétrica,
limpa, oriunda da biomassa.
Inúmeros produtos já estão sendo produzidos e, no
decorrer deste século, novas tecnologias surgirão no contexto
sucroalcooleiro. Por exemplo: plásticos biodegradáveis provenientes
do bagaço de cana, pirólise de biomassa destinada à
fabricação de óleos combustíveis verdes para
pequenos geradores de energia, etanol a partir da biomassa, compostos
orgânico-alimentares para ração animal, briquetes
de bagaço para alimentação orgânica de gado,
fertilizantes orgânicos de vinhaça (potássio), bebidas
(runs e aguardentes), créditos de carbonos seqüestradores
de Co2, etanol como combustível verde e alimentador de térmicas
estacionárias, além de biodiesel e da glicerina destinada
à fabricação de solventes nas indústrias de
tintas e outros.
No que se refere ao biodiesel, o SINDAÇÚCAR e o ITEP, com
a participação do tradicional Instituto Nacional de Tecnologia
- MCT do Rio de Janeiro, estão em negociação para
a arquitetura de um convênio pioneiro no Nordeste. O biodiesel será
utilizado em nosso Estado, a exemplo do que já vem ocorrendo no
Paraná, onde os ônibus de Curitiba estão trafegando
com Diesel etílico, não poluente e redutor de preços
do diesel in natura. Naquele Estado chegaram à conclusão
de que misturas acima de 5% devem ser elaboradas com um óleo orgânico
emulsionante, fabricado com sucesso no Mato Grosso, a partir da soja.
No Nordeste, à luz dos estudos que serão iniciados com o
ITEP, pretendemos desenvolver biodiesel com até 5% de mistura de
Etanol e além desse percentual, via óleos de soja, amendoim,
dendê, mamona, etc., de acordo com a vocação agrícola
de cada região.
O mundo vem investindo nas commodities que promovem a valorização
rápida e sustentada do meio-ambiente e também pelo fato
de serem infinitas, inesgotáveis e renováveis. É
necessário apenas que sejam economicamente viáveis.
Não foi à toa que a tônica do encontro recente entre
os Presidentes do Brasil e dos Estados Unidos foi centrado sobre o potencial
de suprimento brasileiro em energias renováveis para um país
como os Estados Unidos, consumidor de mais de 4% ao ano de novos volumes
de energia direta. Nosso país, com seus mais de 90 milhões
de hectares agricultáveis, ainda disponíveis para a agricultura,
vem liderando a produção de cana-de-açúcar,
laranja e café; ostentando o segundo lugar no mundo na produção
de soja (52 milhões de toneladas), carne bovina, frango e milho;
desfrutando o terceiro lugar entre os produtores mundiais de frutas, gozando
assim da mais firme oportunidade para suprir o mercado mundial de agricommodities.
Estamos fazendo no Brasil uma agricultura “terciária”,
onde, a automação, tecnologias de produtividade e de logística
saltam aos olhos.
Estamos consolidando uma civilização tropical e agroindustrial
que deve, num futuro muito próximo, eliminar tantas de nossas assimetrias.
As reformas que tramitam no Congresso nacional são alavancas importantes
para a passagem de um cenário de pobreza, no mínimo, à
segurança alimentar, com a conseqüente incorporação
de cerca de 16 milhões de brasileiros que hoje vivem completamente
excluídos do exercício da cidadania. |